sábado, outubro 29, 2022

vida


 


vida



o dia chegou puro.

os olhares falavam num silêncio

onde as palavras tinham todas um nome

e a eternidade se fechava sobre um corpo

parado nas águas, entre os espaços

para assistirem ao nascimento das árvores

o grito do verão ressoava entre formas mudas,

delicadas, impregnadas de delírios imaginários.

alguém parte o silêncio e o transforma

em sons vergados, sensíveis às palavras vivas,

atrás fica uma vida, remexida desalmadamente

numa leveza, estrangulada entre dedos

olhares bailam enfeitiçados sobre as áscuas…

murmuram ao longe, frases ríspidas e frias

o vento arrasta soprando as vozes em pedaços,

agarrando a vida, que deseja invencível

lento, leve e moroso deixa respirar o dia.

mergulha na alegria suplicante da voz

onde ardem, na alma, chamas de desejo

assumido num jogo de amor único

escapa-se o pensamento, afunda-se

dentro da paixão voraz,

espelhada no sorriso dum peito aberto

o fio liga a veia, no abraço da morte

triunfante, a festa tornou-se imortal,

sufoca de júbilo,

entre palavras que passam a correr

o momento, amadurece na terra

cativo do nome que persegue…

helena maltez

 

3 comentários:

Graça Pires disse...

Obrigada pelas palavras deixadas no meu "Ortografia". Passarei aqui outras vezes.
Um bom fim de semana.
Um beijo.

Paula Saraiva disse...

Obrigada pela visita no meu cantinho.
Um bom fim de semana
Beijinhos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Lena

um poema que clama vida
belo, muito belo.

beijinhos
:)

  o teu sorriso no esplendor de uma suave explosão chega a mim o teu sorriso. aflui com emoção e calor, como sonhos mesclados nos en...